Thursday, February 22, 2007

Da Idade do Ferro à Romanização

O blog "Paisagens Antigas, Sangue Novo" é um espaço dedicado ao megalitismo alentejano, somente percebido através das linhas de força que o antecederam, bem como as que o sucederam em termos de visão histórica.

O estudo do território e da paisagem do Alentejo Central ficou marcado pela presença romana, a área que o signatário tem vindo a estudar com mais entusiasmo, assumindo-se o seu contributo, para este blog em particular, com o singelo cariz permitido por este espaço de divulgação.
A leitura do território, numa visão diacrónica, impele à consideração de que a um momento histórico se sucede outro, numa perspectiva de lenta transição e não através de abruptos cortes civilizacionais.

No alvor do século II a.C., Évora caracterizava-se como um espaço territorial de transição social, onde autóctones se viram assolados pelo "invasor" romano.
Entre o século VI a.C. até inícios do séc. III a.C., o território português, entre o Douro e a zona meridional, servia de assentamento a uma miscelânea de povos, assumindo-se a Península Ibérica pré-romana, como um vasto mosaico étnico-cultural. A região hoje circunscrita ao Alentejo Central seria dominado pelos povo Céltico que, nas fontes clássicas, nos surgem referenciados como Celtici, traduzido por Jorge Alarcão para «Celtas».
O início da romanidade, ou a crescente influência romana, em território português iniciou-se a partir de 218 a.C., apesar da sua presença ser anterior, motivada pela guerra com Cartago, na procura de controlar as rotas comerciais no Mediterrâneo. Interessa-nos, em particular, a divisão territorial de 197 a.C., que vem a distinguir duas grandes áreas administrativas: A Hispânia Citerior e a Ulterior, de limites ainda mal definidos. Évora estava situada na última.
Entre aquela data e a de 25 a.C. 118 – nesta data, após as campanhas militares de Octaviano Augusto, a Península Hispânica granjeia a pax romana em todo o território – deparamo-nos com um moroso processo de romanização, mediado segundo inúmeros vectores e, facto de atenção, sem extinguir os traços individualizantes dos autóctones.
O Alentejo, como espaço geográfico que hoje conhecemos, estaria já ocupado, mas não pacificado, pelas tropas romanas entre 184 a.C. e 179 a.C. José Carlos Caetano aponta a data de 138/7 a.C. como o "momento" em que Decimus Iunius Brutus estende um efectivo domínio romano na região a Sul do Tejo, sendo este o arco temporal que devemos considerar, ao referirmo-nos à ocupação da região onde hoje se localiza Évora.


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