Wednesday, January 24, 2007

O Alentejo

Para primeiro post neste blog, resolvi citar algumas palavras de Eugénio de Andrade sobre a minha terra, o Alentejo. Este é o nosso ponto de partida, e de chegada. O nosso objecto de estudo, por excelência.

(...) " É um Alentejo um pouco diferente do meu, menos queimado e nu, visto ou sonhado noutra época, com verdes searas onduladas e uma poeira súbita que às vezes se levanta nos carreiros, quando os pastores ao anoitecer conduzem o gado ao monte. Um Alentejo com sombras azuladas e charcos de água morta, onde o lirismo delgado dos juncos se demora, e a serenidade poisa devagar como as cegonhas nos campanários. Um Alentejo onde uma revoada de pássaros, ou uma fogueira, rompe do piorno e da esteva, deixando atrás uns estalidos breves. Um Alentejo quase plácido, com tonalidades foscas de elegia feita à memória de alguém que nos abandonou muito cedo. Mas o que não deixa nunca de estar presente, no meu e no seu Alentejo, é aquele horizonte onde o olhar se estende e consome, e a solidão sobe alta como a lua." (...)

Eugénio de Andrade, Poesia em verso e prosa.


Um dia de Inverno na Serra de Monfurado