Wednesday, January 31, 2007
"Roteiro Megalitico" 3 - Gorafe: uma paisagem de cortar a respiração
Esta necrópole neolítica, que representa o maior conjunto megalítico na região da Andaluzia, é constituída por 198 monumentos funerários, dispostos ao longo das duas margens de um desfiladeiro que se estende por vários quilómetros.
A paisagem natural, aqui, é de cortar a respiração, e facilmente se compreende porque é que o maior conjunto megalítico de toda a região, se encontra implantado na beira deste desfiladeiro.
Monday, January 29, 2007
"Roteiro Megalítico" 1 - Museu Arqueológico de Almeria
Links: Museu de Almeria , Los Millares.
Este poderoso centro da cultura calcolitica na Península Ibérica, e o enorme complexo defensivo que ostenta (composto por extensas linhas de muralha, fossos e fortins envolventes), bem como uma vasta necrópole, com centenas de Tholoe, é sem duvida um marco no imaginário de qualquer amante do "mundo megalítico" peninsular.
Los Millares e o seu centro interpretativo adjacente, cujas imagens darei a conhecer noutro post, são sem duvida merecedores do esforço de atravessar meia península ibérica para os visitar. Contudo, para uma melhor compreensão deste enorme povoado e do seu vasto conjunto artefactual, aconselho a ida ao centro interpretativo do Museu de Almeria, antes da visita ao sitio arqueológico.
O Museu Arqueológico de Almeria desenvolve-se ao longo de quatro andares, dedicados a diferentes cronologias, e que envolvem o modelo de um corte estratigráfico com 15 metros de altura, que representa a ocupação humana na região, desde a sua génese (R\C) até aos dias de hoje (4º andar).
Este museu (com entrada gratuita) é no mínimo fabuloso, e proporciona a qualquer visitante uma viagem ao quotidiano calcolitico, em Los Millares. As breves imagens que aqui apresento apenas ilustram uma fracção ínfima, daquilo que a sua visita oferece. Com várias exposições permanentes, a visita ao Museu Arqueológico de Almeria é indispensavel, para uma melhor compreensão da realidade materializada em Los Millares.
Sunday, January 28, 2007
"Arte Rupestre Contemporânea" no Castelo do Giraldo (Évora)
O sitio, recebeu o nome devido ao facto de aqui também se ter implantado uma atalaia medieval, que segundo a lenda, terá sido a base onde se instalou "Giraldo-sem-Pavor" e o seu bando, antes de tomarem a cidade Évora aos Mouros.
Estas representações, de cronologia aparentemente tardia, trazem-nos á memória simbolos com significados antigos. O sitio arqueológico encontra-se extremamente enraizado nas lendas e contos populares locais, pelo que a par destes, as gravuras podem representar a importância ancestral atribuida ao sitio e aos seus possíveis simbolos e significados.
Com acessos facilitados e uma espantosa vista sobre a cidade de Évora, o Castelo do Giraldo e as gravuras convidam á visita.
Thursday, January 25, 2007
Serra Pedrosa: Um Povoado do Final da Idade do Ferro nos arredores de Évora.
Serra Pedrosa - Encosta Oeste do Povoado da II Idade do Ferro
Agora que o "véu" que cobria as realidades Proto-Históricas de Évoramonte foi levantado, pareceu-me pertinente dar a conhecer uma realidade bem mais pequena, mas ainda assim relevante. O Serra Pedrosa foi identificado em 2003 por João Santos, Manuel Calado e Mário Carvalho, durante a revisão do PDM da CME.
O povoado dos finais da Idade do Ferro que aqui pretendo dar a conhecer, convida á reflexão sobre os momentos conturbados que os sítios desta época parecem ter conhecido. Sempre altivos na paisagem Alentejana, são impressionantes "miradouros" por natureza e parecem ter escolhido os topos das serranias como lugar de eleição.
A Serra de Monfurado não é excepção a esta realidade. Num dos seus ultimos contrafortes a Sudeste, podemos encontrar um destacado conjunto de relevos, de topónimo "Serra Pedrosa". Este topónimo dá o nome ao sitio arqueológico , que se encontra implantado num dos últimos grandes cabeços, deste conjunto, sobranceiro à ribeira de Valverde
O Serra Pedrosa, estende-se ao longo de uma crista alongada, atingindo uma altitude máxima de 341 metros, dominando visualmente toda a extensa peneplanicie que se espraia para Sul e Nascente. A sua implantação adjacente a uma importante zona de transitabilidade natural entre as bacias hidrográficas do Tejo e do Sado confere-lhe grande relevância estratégica no controlo da paisagem envolvente. Este importante caminho natural acabou por ficar assinalado pela Via romana de Olisipo a Emerita Augusta, localizada escassos dois quilómetros a Sul.
O sítio encontra-se bastante pertubado devido ao plantio do eucalipto e às destrutivas surribas a ele associadas, tendo estas deixado um verdadeiro “mar de cacos” bastante visível á superfície. Esta realidade afectou, quase por completo, a estratigrafia e possíveis estruturas conservadas. Para além da ocupação da II Idade do Ferro, claramente a mais documentada, existe ainda uma outra, Neolítica.
A ocupação dispersa-se ao longo da crista da elevação, abrangendo vários hectares sem, contudo, se registar qualquer evidência concreta de fortificações.
A ocupação tardia da Idade do Ferro faz-se representar principalmente pela monótona realidade dos bordos extrovertidos de cerâmica a torno, pertencentes a grandes recipientes de armazenamento. Foram também recolhidas asas de rolo, fundos côncavos, planos e em pé de anel; de realçar um fragmento de bordo pertencente a um “Kalathos” de produção aparentemente regional. A decoração cerâmica é rara, constando apenas de motivos incisos, nomeadamente de linha ondulante e uma quebrada, além de um exemplar de cerâmica pintada. Este corresponde a um grande recipiente a torno, de produção aparentemente regional, de bordo exvertido e perfil em “S”, pintado com tinta vermelha violácea. A decoração consiste numa série de bandas, que intercalam sequências de quartos de círculos concêntricos, com fortes conotações ibéricas.
Para além da componente cerâmica registou-se ainda a presença de pedras de amolar, um fragmento de mó manual circular e uma enxó de ferro.
Perante este conjunto artefactual, relativamente coerente, podemos enquadrar cronologicamente a ocupação num momento impreciso do séc. II a.C.
O sítio da Serra Pedrosa encontra-se nas imediações de dois sítios relativamente conhecidos da proto-história da região de Évora, o Castelo do Giraldo, a 1km para NW, ficando o Coroa do Frade a cerca de 2km a Norte.
Convido á visita deste povoado, cuja visibilidade da envolvente permite alcançar horizontes dignos de contemplação, e que certamente serão úteis na reflexão relativa ao sitio e ás realidades que este viveu.
Wednesday, January 24, 2007
O Alentejo
(...) " É um Alentejo um pouco diferente do meu, menos queimado e nu, visto ou sonhado noutra época, com verdes searas onduladas e uma poeira súbita que às vezes se levanta nos carreiros, quando os pastores ao anoitecer conduzem o gado ao monte. Um Alentejo com sombras azuladas e charcos de água morta, onde o lirismo delgado dos juncos se demora, e a serenidade poisa devagar como as cegonhas nos campanários. Um Alentejo onde uma revoada de pássaros, ou uma fogueira, rompe do piorno e da esteva, deixando atrás uns estalidos breves. Um Alentejo quase plácido, com tonalidades foscas de elegia feita à memória de alguém que nos abandonou muito cedo. Mas o que não deixa nunca de estar presente, no meu e no seu Alentejo, é aquele horizonte onde o olhar se estende e consome, e a solidão sobe alta como a lua." (...)
Eugénio de Andrade, Poesia em verso e prosa.