Wednesday, September 19, 2007

As múmias mais antigas do Mundo (Arica, XV región, Chile)

As múmias Chinchoro (Arica Chile) representam provavelmente a mumificação artificial mais antiga do Mundo; efectuadas hà mais de 7 mil, representado um avanço de praticamente 2 mil anos em relação à técnica egípcia. Não obstante, a cultura de Chinchoro (que terá previvido aproximadamente 3 mil anos), não apresentava um desenvolvimento cultural equiparável à civilização do Nilo, travavam-se de pequenos grupos de caçadores, semi-nómadas, com uma cultura artefactual bastante primitiva (à base de indústria lítica) e que habitariam em cabanas de madeira. Contudo, o ritual da morte deveria ter um profundo impacto nesta sociedade já que a mumificação abarcava toda a sociedade (mulheres, crianças, chefes, gente comum). Sabemos ainda que muitas destas múmias sofreram processos de ritualização post mortem, sendo desenterradas e enterradas noutro local.
O processo de conservação dos corpos era realizado através de um procedimento cirúrgico que substituía as partes moles do cadáver - nomeadamente os órgãos - por ramos, matéria vegetal, posteriormente o corpo era coberto com argila. Factores que, em conjunto com o clima seco do deserto atacamenho, contribuíram para esta magnifica preservação.


A visitar no Museo Chileno de Arte Precolombino e no Museo Arqueologíco de Arica.

Tuesday, July 24, 2007

Antas e menires do concelho de Montemor-o-Novo

A manhã do passado dia 26 de Maio foi ocasião de uma visita a alguns monumentos megalíticos do concelho de Montemor-o-Novo. Promovida pela câmara municipal e orientada por Manuel Calado, a iniciativa levou os participantes a conhecer a anta capela de Nossa Senhora do Livramento e alguns monumentos do conjunto megalítico do Tojal.







Anta capela de Nossa Senhora do Livramento - exemplo notável de um espaço sagrado pré-histórico reutilizado e adaptado a um sistema de crenças radicalmente distinto do original, neste caso o Cristianismo.







Menir do Tojal, com covinhas na superfície da extremidade superior.








Cromeleque do Tojal, constituído por 17 menires tombados.




Anta em que a mamoa se encontra excepcionalmente bem conservada.






Anta com sepultura proto-megalítica nas suas proximidades.



Sunday, July 8, 2007

Caderno de campo - Sesimbra 07

Para muitos o Verão significa tempo de praia, mas para os arqueólogos significa o frenesim das escavações e prospecções. Acontece, por vezes ter a possibilidade de coexistirem estes dois elementos.

Sesimbra marca as actividades arqueológicas pelo o seu sabor e cheiro a mar (a sua linha costeira prolonga-se, desde a Lagoa de Albufeira até à Serra da Arrábida). A primeira semana de prospecções em Sesimbra caracterizou-se, por um reconhecimento de sítios já identificados mas também de sítios ditos "desérticos".

1º dia em Sesimbra


Os neolíticos andam aí! na Fonte de Sesimbra (povoado neolítico).


Subindo o Cabeço da Faúlha!


A inexistência de materiais no topo pode ser justificada pelas condições adversas aí encontradas, nomeadamente ventos fortes dificultariam a instalação de comunidades.


Observando a mudança forçada da paisagem!


Serra dos Pinheirinhos: ao longo da costa existem conjuntos de grutas e lapas de interesse arqueológico.


Duas vidas marcadas pelo saber!

Depois de um dia de prospecções um passeio pela praia, sabe sempre bem!


Sesimbra vista da praia!


Quem diria!?tens areia na t-shirt!


Representações megalíticas em Sesimbra!

Novos elementos da Herdade do Barrocal

Durante um passeio matinal podemos encontrar de tudo! Inclusive uma possível sepultura proto-megalítica.


Estrutura com possíveis perturbações


Sepultura constítuida por lajes de granito, aparentemente em forma de cista

Perto desta estrutura encontramos uma laje de xisto de tamanho considerável (na área perto da anta e desta estrutura encontramos também fragmentos de xisto, possivelmente de um tholos).


Laje de xisto

Também se identificou perto da Aldeia das Cegonhas, um novo conjunto de covinhas.




Esta situa-se um pouco mais afastada das anteriores

Saturday, June 9, 2007

Salvem o Porro, Porra! Parte II (infelizmente)


Manuel Calado, já há vários meses, tinha alertado para o facto de os novos avanços da pedreira do Monte das Flores (Évora) se dirigirem perigosamente na direcção do povoado Neolítico do Porro.

Desde essa altura, e apesar dos responsáveis pela pedreira terem sido avisados pelo I.P.A., os trabalhos voltaram a avançar, encontrando-se agora a nova frente de exploração a escassas dezenas de metros do conjunto de arte rupestre e do interior do povoado. Foram identificados materiais Neolíticos nas terras recentemente removidas, bem como estratigrafias arqueológicas em corte.

Esperemos que uma solução sensata seja encontrada quanto a esta situação, uma vez que falamos de um sítio arqueológico, de primeira água no concelho de Évora, cuja perda seria inestimável para o património concelhio. Que as entidades com responsabilidades nesta matéria não ajam com brandura, em relação a casos como este, e que se faça cumprir a lei.
Um programa de sondagens para breve é o mínimo que esperamos.

Continuaremos a dizer: "salvem o Porro, Porra!"
(pelo menos, enquanto ele existir...).



O afloramento do Porro.

Aspecto dos trabalhos em Janeiro de 2007

Área afectada, até ao momento.

As imagens ilustram a proximidade a que os trabalhos se encontram do grande afloramento granítico do Porro (já dentro do povoado): a nova frente de exploração da pedreira, à esquerda, e o rochedo do Porro, à direita..
As estratigrafias Neolíticas foram já cortadas, algures mais abaixo, depois da "montanha" de terra...

Habitante local, que por enquanto ainda se pode abrigar debaixo do rochedo do Porro.

Friday, June 8, 2007

Os pukaras - megalitismo andino

Pukara de Lasana

Pukara de Quitor

Oásis de São Pedro de Atacama

A poucos dias da minha partida para o Chile vem-me à memória a imagem dos pukaras que vi o ano passado no deserto de Atacama. O termo pukara significa forte o fortificação em quechua, e estão relacionados sobretudo[1] com povoados fortificados que surgem em finais do século XI da nossa era, fruto da desagregação do império Tiwanaku nos Andes e do consequente aparecimento de poderes locais independentes e que persistem com remodelações durante o império inca a partir do século XIII-XIV . Os pukaras incas entenderam-se desde o Ecuador ao Norte do Chile, ocupando excelentes locais, com boas defesas naturais e boa visibilidade do meio. No deserto do Chile os povoadores para além das anteriores preocupações defensivas viram-se obrigados a incluir outro factor – o do aceso e proximidade a cursos de água; raros neste deserto andino. Os pukaras do deserto estão espalhados desde Arica, na fronteira com o Peru, ao Sul de Antofagasta (III região), construídos para travar a expansão aymara. Estas fortificações apresentam uma arquitectura semelhante à dos nossos castros, com ruas estreitas, casas de planta rectangular e circular cobertas com barro ou colmo, defendidas por uma ou duas linhas de muralhas e com torres adossadas. As pedras não eram trabalhadas e encaixadas umas nas outras, tal como se conhece no estilo inca, mas sim colocadas e possivelmente argamassasadas rudimentarmente, ao estilo dos povoados fortificados calcolíticos, os murros apresentam ainda algumas saliências para seteiras, e a construção é organizada por plataformas em escada (tipo courelas). Não tinham uma dimensão considerável, alguns povoados ocupariam dois hectares outros podiam chegar a atingir quatro comportando um valor estimado de trezentos habitantes. Os pukaras mais conhecidos desta cultura atacamenha são: o de Quitor, no (São Pedro de Atacama); o de Lasana (Calama) e o de Turi (Calama).
Para mais informações ver Museu Precolombino de Santiago: http://www.precolombino.cl/


[1] Digo sobretudo, porque existe uma cultura com o mesmo nome na região Centro-Sul do Peru com o mesmo nome, cultura essa que data do século III a.C.

Thursday, May 31, 2007

Prospecções no concelho de Redondo

O ultimo dia de prospecções no concelho de Redondo (Rui Mataloto e Mário Carvalho) permitiu a identificação de novos povoados, monumentos megalíticos e conjuntos de arte rupestre.
No total foram registados 6 novos sítios romanos, 1 povoado pré histórico, 2 possíveis sepulturas proto megalíticas, cerca de centena e meia de covinhas distribuídas por mais de 20 blocos diferentes de xisto e granito, e ainda cerca de uma dezena de achados dispersos ou avulsos, pré ou proto históricos, que podem, em alguns dos casos, representar espaços de ocupação, pouco evidentes à superfície.

Localização do povoado pré histórico do Pinheiro (C.M.P. 125.000, folha nº 449). Apesar da fraca legibilidade do terreno, foi possível registar alguns percutores, um movente de mó manual, um fragmento de cerâmica manual, seixos de quartzito e algumas lascas de material silicioso. O sitio implanta-se num relevo suave, encostado à margem direita da ribeira de S.Bento. A azul está assinalada uma das áreas onde foi possível identificar uma mancha quase continua de covinhas, isoladas ou em pequenos conjuntos, que se encontram gravadas um pouco por todos os afloramentos e blocos soltos, pequenos e grandes, destacados e "escondidos".


A mamoa das Casas, identificada por Leonor Rocha e Rui Mataloto. Localiza-se na envolvente imediata do povoado do Pinheiro.


Alguns dos blocos e afloramentos onde foram registadas numerosas covinhas, nas proximidades do povoado do Pinheiro.


Blocos e afloramentos com covinhas


Duas possíveis sepulturas proto megalíticas, já bastante destruídas.

Um dos sítios romanos, no qual são ainda visíveis à superfície vários indícios de estruturas.

Marco de propriedade, reutilizando um possível esteio

Uma das "curvas" do Lucefécite, onde, apesar das abundantes escarpas rochosas, apenas foi identificado um bloco com covinhas. Este situa-se na margem direita da ribeira, junto a uma "portela" entre escarpas, onde a ribeira inflecte para Sul.


Tradicionais poses de vitória

Paisagens


Serra d'Ossa

Mar de chaparros

Montes Alentejanos, alguns já abandonados, nas margens da Serra d'Ossa

Aspectos curiosos da paisagem Alentejana. Bebedouros para gado, improvisados.

Uma pia para animais, em granito,"restaurada" recentemente.

Mega Oliveira

O Lucefécite e a Fonte Santa

O monumento do Caladinho e a sua relação visual com a Serra d'Ossa.