Tuesday, October 14, 2008

Megalitismo Alentejano Contemporâneo em S. Vicente do Pigeiro (Évora)


Mais um exemplo de "Megalitismo Alentejano Contemporâneo", desta vez na Igreja Paroquial de S. Vicente do Pigeiro, onde as recentes obras de recuperação do edificio e valorização do espaço envolvente acabaram por incluir réplicas de dois elementos de referência das paisagens culturais Alentejanas: um pequeno Dolmen e um Menir.

Monday, July 28, 2008

Noticias de Évoramonte

O Diário do Sul e a agência Lusa publicaram, recentemente, novidades acerca da escavação arqueológica actualmente em curso no Castelo de Évoramonte, sob a direcção de Rui Mataloto.

Link's:

1 - "Em Busca da Cidade Pré Romana de Dipo" in Diário do Sul, Sexta-feira dia 25 de Julho de 2008.
2 - "Arqueólogos procuram cidade Pré Romana em Portugal" in Agência Lusa, Domingo dia 27 de Julho de 2008.

Friday, July 18, 2008

Paisagens Antigas, Blog Novo: Carta Arqueológica do concelho de Évora

Espaço criado pela equipa de Património e Arqueologia da C.M.E., responsável pelo desenvolvimento do projecto C.A.E., e que pretende, com a regularidade possivel, disponibilizar informação acerca do desenvolvimento dos trabalhos de campo e de gabinete.
Link: C.A.E.

Monday, July 14, 2008

C.A.E. – Carta Arqueológica do Concelho de Évora: O inicio de um novo ciclo de Prospecções no território Eborense.

A base de dados relativa ao Património Arqueológico do Concelho de Évora, actualmente disponível na C.M.E. (Calado, 2003), dispõe de cerca de dois milhares de sítios arqueológicos dos mais diversos tipos, cronologias e implantações, tratando-se, por si só, da mais extensa e completa listagem de sítios arqueológicos no contexto nacional. Contudo, como todos sabemos, a extensa riqueza do Património Arqueológico do Concelho de Évora não se resume somente a estes números, havendo ainda zonas do território que, apesar de potencialmente promissoras, permanecem uma verdadeira incógnita.
A crescente necessidade de uma ferramenta sólida, quer para a salvaguarda e gestão do património arqueológico, como para o seu conhecimento e divulgação, levou a Câmara Municipal de Évora a formar uma equipa especificamente direccionada para este efeito, que deu inicio, no dia 1 do presente mês, a um novo ciclo de trabalhos de prospecção; estes trabalhos visam anteceder a publicação da Carta Arqueológica do Concelho. Este projecto Municipal, com a duração prevista de 12 meses, irá desenvolver trabalhos de prospecção selectiva, dirigida a áreas menos conhecidas do concelho, nomeadamente a Sul e a Este da cidade, com o objectivo de reduzir/eliminar evidentes lacunas no conhecimento do património arqueológico do território eborense.
Sitios Arqueológicos do Concelho de Évora e principais áreas de trabalho previstas para o projecto da C.A.E.

Friday, June 6, 2008

Citânia de Briteiros


Via no interior do povoado.


Aspecto de uma das zonas habitacionais.


Pormenor de uma cabana reconstruída.


Domínio visual sobre a paisagem.


Pedra Formosa.

Recentemente, realizei uma visita a alguns elementos patrimoniais do Distrito de Braga, entre eles estava a Citânia de Briteiros cuja grandiosidade a torna merecedora deste post.
Conhecida desde o séc. XVI, sendo citada em textos de antiquários da época, a Citânia de Briteiros é um conjunto impressionante. Implanta-se num maciço montanhoso (rondando os 300 metros), no qual se destaca o Monte de São Romão, na margem direita do Rio Ave, para o qual, de resto, tem um largo domínio visual.
Localizado no Concelho de Guimarães, o relevo estende-se entre as freguesias de São Salvador de Briteiros e de Donim.
Os vestígios arqueológicos mais evidentes, e que se revestem de maior monumentalidade, correspondem à ocupação proto-histórica do monte, durante a II Idade do Ferro, em particular nos dois últimos séculos antes de Cristo. Desta circunstância decorre a designação do sítio como “Citânia” palavra aplicada aos grandes castros do período pré-romano.
Um aspecto importante do relevo em que se ergue o povoado é a abundância de granitos que facultaram a matéria-prima com que foram construídas as muralhas e as habitações do castro, ou os elementos de uso comum como mós e pias.
Como forma de subsistência, os habitantes cultivavam cereais, como o milho e o trigo, leguminosas, como a fava e a ervilha, e pastoreavam gado ovino, caprino e bovino. A caça e a pesca desempenhavam também um papel importante no modo de sustento destas gentes. A economia do povoado passaria igualmente pela produção artesanal, constituindo a olaria, a metalurgia e a ourivesaria alguns vectores importantes.
Como apontam os arqueólogos, a Citânia estava situada num ponto estratégico, onde a navegação do Ave, para mercadorias, terminava, e terá sido um mercado obrigatório de troca de bens. Aliás, observando um mapa do Entre Douro e Minho, é interessante constatar que Briteiros fica num ponto central, entre os dois rios (Douro e Minho) e entre o litoral e as montanhas interiores.
Pouco se sabe sobre as fases iniciais do povoado, embora tenham sido encontrados materiais cerâmicos da I Idade do Ferro, momento em que o povoado já seria defendido por uma muralha.
Alcançando 24 hectares de extensão máxima intra-muros, Briteiros conserva um sistema defensivo de três ordens de muralha, complementado com uma quarta linha a Nordeste e dois fossos escavados na rocha, no istmo de acesso ao esporão, o ponto mais vulnerável. A área urbana da Citânia, já conhecida, corresponde à acrópole, delimitada pela primeira muralha que circunda a plataforma cimeira da elevação, e à encosta nascente, na qual as estruturas se prolongam para além da Estrada Nacional 309, construída nos anos 30 do séc. XX e que penetrou no interior do povoado. Ocupa uma área aproximada de 7 hectares, equivalendo à zona escavada por Francisco Martins Sarmento e por Mário Cardozo. Dentro desta área foram identificadas 104 unidades domésticas.
Uma das particularidades da Citânia de Briteiros reside numa estrutura, habitualmente designada como “Casa do Conselho”. Neste edifício circular, com cerca de 11 metros de diâmetro e um banco corrido ao longo da parede interior, teria funcionado um órgão colegial de decisão onde se resolveriam os assuntos mais prementes do povoado.
Outra das edificações, considerada como de carácter público, é os edifícios de banhos. Em Briteiros existiram pelo menos dois: o que se conserva no sopé da encosta, a Sudoeste, e outro, mais arruinado, situado a Nordeste. Obedecendo a uma morfologia tripartida, a estrutura do balneário que se observa a Sudoeste, e que, segundo os estudiosos, corresponde a um padrão generalizado nestes edifícios, é constituída por uma fornalha, onde se aqueciam blocos de quartzito e granito, uma câmara de sauna, onde se acumulava o vapor espalhando água sobre as pedras incandescentes, e um compartimento de entrada, eventualmente com funções de vestiário. Este compartimento e a câmara de sauna eram separados pela “Pedra Formosa”. Único acesso entre os dois espaços, o orifício inferior da estela, embora permitindo a passagem de uma pessoa, era tão pequeno quanto possível, para evitar a fuga de calor. Além disto, o balneário apresenta também um pátio exterior lajeado, onde se dispunha um tanque de água fria, para o qual descarregava uma canalização.
Com a romanização do território, a Citânia vai perdendo influência e a sua implantação, com fortes características defensivas, deixa de ter razão de ser. As evidências arqueológicas sugerem que a partir da segunda metade do século I d. C. a ocupação da Citânia de Briteiros poderá ter sido residual. Ao longo do séc. I d. C. a população foi atraída para os novos aglomerados em plena expansão, novas civitates, como Bracara Augusta, ou vici, como Caldas de Vizela, ganham relevo em detrimento dos assentamentos de altitude.
Não poderia concluir este texto sem deixar expressa a justa homenagem a Francisco Martins Sarmento pelo importante papel que desempenhou na investigação arqueológica nacional. Nascido em Guimarães em Março de 1833, foi também nesta cidade que exalou o último suspiro em Agosto de 1899. Foi um admirável arqueólogo e escritor. A ele se deve a notoriedade que a Citânia de Briteiros adquiriu na Arqueologia. O projecto que idealizou, de investigação e conservação, e passou à prática a partir de 1874, que compreendeu campanhas anuais de escavação, é notável. A vontade de preservar conduziu à aquisição de grande parte da área onde se insere o povoado, executada a título pessoal. Este elemento demonstra que estamos perante um homem de verdadeira paixão. Mas Francisco Martins Sarmento era muito mais do que um homem apaixonado, era também um investigador extremamente dedicado e conceituado, colaborante em revistas e jornais científicos, com múltiplos contactos internacionais e permanentemente a par do que de mais avançado se fazia na Europa. A biblioteca que nos legou é indicadora disso mesmo pela quantidade e qualidade dos livros de que é composta.
Acrescentamos ainda que o sítio foi classificado como Monumento Nacional em 1910, ano em que foram muitos os elementos patrimoniais de âmbito arqueológico a receber a distinção.
Muito estará ainda por dizer, mas temos como satisfeito o nosso objectivo de divulgar e informar o caro leitor. A partir deste momento a pena muda de mãos…
Para os que se interessem pela cultura castreja, e especificamente pela Citânia de Briteiros, deixo o endereço virtual:
http://citania.csarmento.uminho.pt

Tuesday, May 27, 2008

Viveremos naquilo que fomos!

O nosso corpo desaparecerá e aquilo que nos mantém inteiros o que somos por dentro viverá nas palavras que deixámos, na arte que criámos, nas amizades que fizemos e com eles a nossa memória crescerá e em tempos distantes em outros avivará. Aquilo que fomos outrora, esta presente nos materiais que deixamos e quando a nossa voz se calar, quando as nossas mãos desaparecerem é o nosso passado que falara...

Monday, May 26, 2008

Graffiti e Arqueologia


Arte ou a arte criminalista de uma juventude que tem o intuito de se manifestar?

Terá sido também este o pensamento do Homem pré-histórico quando reparou, que alguém tinha "rabiscado" numa pedra uns símbolos estranhos, e que por alguma razão eles ganharam significado dentro da sociedade? os Romanos aproveitaram as paredes para manifestar as suas preferências políticas, publicitar certas "actividades lúdicas" e apreço pessoais. Foi assim a partir dum conjunto de heranças e ideais, que o actual graffiti se terá desenvolvido (mesmo que este não tenha plena consciência do seu passado histórico).

A fusão do graffiti e a arqueologia origina um conceito que decompõe uma parede ou outro suporte nas suas diferentes UE´s de tinta. Basicamente encontramos o conceito de estratigrafia aplicado ao graffiti: a sequência das camadas de tinta ocorre na ordem inversa à sua aplicação. Tal como numa escavação este processo implica o seu registo, neste caso encontramos na fotografia o elemento principal que desmancha a tinta mais recente, tendo estas sido feitas ao longo dos anos e em diversas alturas, o que permitem um registo mais completo.

O Graffiti passou duma marca territorial, afirmação política, mancha na paisagem urbana/rural e arte para novos conceitos que evidenciam a necessidade de procurar "o original graffiti daquela parede", ou seja GraffitiArchaeology.

Friday, April 4, 2008

Visita à II Feira da Pré-história


Centro Histórico de Cáceres


O Grupo


Espaço onde Decorreu a iniciativa com a Cueva de
Maltravieso servindo de pano de fundo


Algumas gravuras


Tecnologia Lítica

Na passada terça-feira, dia 25.03.08, partimos de Évora com destino à cidade espanhola de Cáceres. O grupo, sempre com a animação em alta, era constituído pela Dr.ª Manuela Oliveira da Câmara Municipal de Évora, pela Professora Leonor Rocha, pelos Professores Luís Jorge Gonçalves e Manuel Calado, pela Dr.ª Celeste Guerreiro, também da Câmara Municipal, pelo Dr. Mário Carvalho e por mim próprio.
Situada na região da Extremadura, a cidade de Cáceres prima pelo seu notável centro histórico, de resto, declarado "Cidade Património da Humanidade" a 26 de Novembro de 1986. Delimitado ainda pelas muralhas medievais, é impressionante tanto pela dimensão dos imóveis que o compõem, como pela desertificação de que enferma, em contraste evidente com a cidade que pulsa fortemente extra-muros.
Mas não foi para comentar a urbe, ou sequer as questões relacionadas com a desertificação dos centros históricos, que nos levou a construir este post. Na verdade, a razão primordial da nossa deslocação foi a de visitar a II Feira da Pré-história e conhecer o Centro Interpretativo da Cueva de Maltravieso.
Antes de mais, deixo a minha opinião sobre a Feira, iniciativa que muito se louva e que, no geral, estava bem conseguida. Nela estavam representados seis tipos de actividades, nomeadamente a Tecnologia Lítica, a Arte, o Fogo, a Cerâmica (algo deslocada de contexto), os Instrumentos de Caça e a Tecnologia em Osso e Madeira, existindo ainda um espaço onde se podia observar um vídeo sobre a gruta de Maltravieso. As críticas, que consideramos mais pertinentes, prendem-se com a existência de imprecisões, para não classificar de erros, perceptíveis no discurso de alguns dos formadores e na falta de exemplificação prática, tanto no espaço dedicado ao fogo (sempre um ponto alto, para mais quando lidamos com público escolar) como no que tratava dos aspectos relacionados com o armamento, onde existiam “lanças pré-históricas” marcadas com os sempre úteis códigos de barras. Modernices…
Sobre a gruta podemos afirmar que se trata de um local que começou a ser frequentado por seres humanos há cerca de 14 mil anos a.C., como o comprovam as pinturas e gravuras rupestres, do Paleolítico Superior, que nela se preservam. A sua descoberta remonta a 1951, quando Carlos Callejo Serrano identificou o primeiro conjunto de elementos. Entre eles descobriram-se mais de trinta mãos pintadas em negativo, vários motivos triangulares, um serpentiforme, entre vários outros de forma indefinida. As pinturas foram executadas com pigmentos de diversas intensidades e tonalidades. Actualmente, e tal como sucede noutros santuários rupestres, de que é exemplo Altamira, o espaço encontra-se encerrado ao público devido ao delicado estado de conservação das manifestações artísticas.
Em relação ao Centro Interpretativo podemos dizer que foi inaugurado no ano de 1999 com o propósito de dar a conhecer a riqueza patrimonial do lugar e de preservar um dos conjuntos de gravuras mais antigas da comunidade onde se insere. Nele encontrámos uma exposição permanente, já a merecer uma substituição dos painéis informativos, devido à incidência da luz exterior. Este aspecto, cada vez mais relevante no momento de pensar qualquer espaço expositivo, parece-nos não ter sido suficientemente acautelado de princípio. Explicando melhor, a coloração (negra) de fundo dos painéis começa a desaparecer devido à acção da luz solar o que, para além do aspecto desagradável que passa para o visitante, revela dificuldades claras na filtragem da luminosidade exterior para o edifício. Igualmente, a iluminação do interior do espaço merecia ter sido melhor pensada, uma vez que o reflexo que produz na superfície vidrada, onde está a informação, obriga a constantes reposicionamentos do leitor de forma a conseguir apreender o discurso expositivo. A acompanhar a exibição permanente, existe um outro conjunto de painéis com carácter itinerante. Nestes, o que salta imediatamente à vista é a quantidade excessiva de informação, que, como sabemos, tem tendência a “assustar” a esmagadora maioria dos visitantes, que apenas pretendem um conhecimento muito sumário do que estão a ver. Parece-me que aqueles que desejem saber mais, sobre as temáticas expostas, deveriam ter à disposição documentos complementares, preenchendo perfeitamente este requisito, por exemplo, os catálogos de exposição. Atentando mais um pouco nos referidos painéis há, do meu ponto de vista, ainda um outro reparo a fazer, trata-se da existência de uma série de imagens um pouco descontextualizadas (refiro-me a algumas fotografias de fragmentos de cerâmica), desinteressantes para quem não seja da área e que não acrescentam nada ao texto explicativo, demasiado historicista, acrescente-se.
Por último, resta referir que o Centro Interpretativo da Cueva de Maltravieso é parte integrante da Secção de Arqueologia do Museu de Cáceres e que para fazer a, sempre interessante, visita virtual basta seguir o endereço que se apresenta em baixo:
http://www.museosextremadura.com/maltravieso/index.htm