Centro Histórico de Cáceres
O Grupo
Espaço onde Decorreu a iniciativa com a Cueva de
Maltravieso servindo de pano de fundo
Algumas gravuras
Tecnologia Lítica
Na passada terça-feira, dia 25.03.08, partimos de Évora com destino à cidade espanhola de Cáceres. O grupo, sempre com a animação em alta, era constituído pela Dr.ª Manuela Oliveira da Câmara Municipal de Évora, pela Professora Leonor Rocha, pelos Professores Luís Jorge Gonçalves e Manuel Calado, pela Dr.ª Celeste Guerreiro, também da Câmara Municipal, pelo Dr. Mário Carvalho e por mim próprio.
Situada na região da Extremadura, a cidade de Cáceres prima pelo seu notável centro histórico, de resto, declarado "Cidade Património da Humanidade" a 26 de Novembro de 1986. Delimitado ainda pelas muralhas medievais, é impressionante tanto pela dimensão dos imóveis que o compõem, como pela desertificação de que enferma, em contraste evidente com a cidade que pulsa fortemente extra-muros.
Mas não foi para comentar a urbe, ou sequer as questões relacionadas com a desertificação dos centros históricos, que nos levou a construir este post. Na verdade, a razão primordial da nossa deslocação foi a de visitar a II Feira da Pré-história e conhecer o Centro Interpretativo da Cueva de Maltravieso.
Antes de mais, deixo a minha opinião sobre a Feira, iniciativa que muito se louva e que, no geral, estava bem conseguida. Nela estavam representados seis tipos de actividades, nomeadamente a Tecnologia Lítica, a Arte, o Fogo, a Cerâmica (algo deslocada de contexto), os Instrumentos de Caça e a Tecnologia em Osso e Madeira, existindo ainda um espaço onde se podia observar um vídeo sobre a gruta de Maltravieso. As críticas, que consideramos mais pertinentes, prendem-se com a existência de imprecisões, para não classificar de erros, perceptíveis no discurso de alguns dos formadores e na falta de exemplificação prática, tanto no espaço dedicado ao fogo (sempre um ponto alto, para mais quando lidamos com público escolar) como no que tratava dos aspectos relacionados com o armamento, onde existiam “lanças pré-históricas” marcadas com os sempre úteis códigos de barras. Modernices…
Sobre a gruta podemos afirmar que se trata de um local que começou a ser frequentado por seres humanos há cerca de 14 mil anos a.C., como o comprovam as pinturas e gravuras rupestres, do Paleolítico Superior, que nela se preservam. A sua descoberta remonta a 1951, quando Carlos Callejo Serrano identificou o primeiro conjunto de elementos. Entre eles descobriram-se mais de trinta mãos pintadas em negativo, vários motivos triangulares, um serpentiforme, entre vários outros de forma indefinida. As pinturas foram executadas com pigmentos de diversas intensidades e tonalidades. Actualmente, e tal como sucede noutros santuários rupestres, de que é exemplo Altamira, o espaço encontra-se encerrado ao público devido ao delicado estado de conservação das manifestações artísticas.
Em relação ao Centro Interpretativo podemos dizer que foi inaugurado no ano de 1999 com o propósito de dar a conhecer a riqueza patrimonial do lugar e de preservar um dos conjuntos de gravuras mais antigas da comunidade onde se insere. Nele encontrámos uma exposição permanente, já a merecer uma substituição dos painéis informativos, devido à incidência da luz exterior. Este aspecto, cada vez mais relevante no momento de pensar qualquer espaço expositivo, parece-nos não ter sido suficientemente acautelado de princípio. Explicando melhor, a coloração (negra) de fundo dos painéis começa a desaparecer devido à acção da luz solar o que, para além do aspecto desagradável que passa para o visitante, revela dificuldades claras na filtragem da luminosidade exterior para o edifício. Igualmente, a iluminação do interior do espaço merecia ter sido melhor pensada, uma vez que o reflexo que produz na superfície vidrada, onde está a informação, obriga a constantes reposicionamentos do leitor de forma a conseguir apreender o discurso expositivo. A acompanhar a exibição permanente, existe um outro conjunto de painéis com carácter itinerante. Nestes, o que salta imediatamente à vista é a quantidade excessiva de informação, que, como sabemos, tem tendência a “assustar” a esmagadora maioria dos visitantes, que apenas pretendem um conhecimento muito sumário do que estão a ver. Parece-me que aqueles que desejem saber mais, sobre as temáticas expostas, deveriam ter à disposição documentos complementares, preenchendo perfeitamente este requisito, por exemplo, os catálogos de exposição. Atentando mais um pouco nos referidos painéis há, do meu ponto de vista, ainda um outro reparo a fazer, trata-se da existência de uma série de imagens um pouco descontextualizadas (refiro-me a algumas fotografias de fragmentos de cerâmica), desinteressantes para quem não seja da área e que não acrescentam nada ao texto explicativo, demasiado historicista, acrescente-se.
Por último, resta referir que o Centro Interpretativo da Cueva de Maltravieso é parte integrante da Secção de Arqueologia do Museu de Cáceres e que para fazer a, sempre interessante, visita virtual basta seguir o endereço que se apresenta em baixo:
http://www.museosextremadura.com/maltravieso/index.htm
Situada na região da Extremadura, a cidade de Cáceres prima pelo seu notável centro histórico, de resto, declarado "Cidade Património da Humanidade" a 26 de Novembro de 1986. Delimitado ainda pelas muralhas medievais, é impressionante tanto pela dimensão dos imóveis que o compõem, como pela desertificação de que enferma, em contraste evidente com a cidade que pulsa fortemente extra-muros.
Mas não foi para comentar a urbe, ou sequer as questões relacionadas com a desertificação dos centros históricos, que nos levou a construir este post. Na verdade, a razão primordial da nossa deslocação foi a de visitar a II Feira da Pré-história e conhecer o Centro Interpretativo da Cueva de Maltravieso.
Antes de mais, deixo a minha opinião sobre a Feira, iniciativa que muito se louva e que, no geral, estava bem conseguida. Nela estavam representados seis tipos de actividades, nomeadamente a Tecnologia Lítica, a Arte, o Fogo, a Cerâmica (algo deslocada de contexto), os Instrumentos de Caça e a Tecnologia em Osso e Madeira, existindo ainda um espaço onde se podia observar um vídeo sobre a gruta de Maltravieso. As críticas, que consideramos mais pertinentes, prendem-se com a existência de imprecisões, para não classificar de erros, perceptíveis no discurso de alguns dos formadores e na falta de exemplificação prática, tanto no espaço dedicado ao fogo (sempre um ponto alto, para mais quando lidamos com público escolar) como no que tratava dos aspectos relacionados com o armamento, onde existiam “lanças pré-históricas” marcadas com os sempre úteis códigos de barras. Modernices…
Sobre a gruta podemos afirmar que se trata de um local que começou a ser frequentado por seres humanos há cerca de 14 mil anos a.C., como o comprovam as pinturas e gravuras rupestres, do Paleolítico Superior, que nela se preservam. A sua descoberta remonta a 1951, quando Carlos Callejo Serrano identificou o primeiro conjunto de elementos. Entre eles descobriram-se mais de trinta mãos pintadas em negativo, vários motivos triangulares, um serpentiforme, entre vários outros de forma indefinida. As pinturas foram executadas com pigmentos de diversas intensidades e tonalidades. Actualmente, e tal como sucede noutros santuários rupestres, de que é exemplo Altamira, o espaço encontra-se encerrado ao público devido ao delicado estado de conservação das manifestações artísticas.
Em relação ao Centro Interpretativo podemos dizer que foi inaugurado no ano de 1999 com o propósito de dar a conhecer a riqueza patrimonial do lugar e de preservar um dos conjuntos de gravuras mais antigas da comunidade onde se insere. Nele encontrámos uma exposição permanente, já a merecer uma substituição dos painéis informativos, devido à incidência da luz exterior. Este aspecto, cada vez mais relevante no momento de pensar qualquer espaço expositivo, parece-nos não ter sido suficientemente acautelado de princípio. Explicando melhor, a coloração (negra) de fundo dos painéis começa a desaparecer devido à acção da luz solar o que, para além do aspecto desagradável que passa para o visitante, revela dificuldades claras na filtragem da luminosidade exterior para o edifício. Igualmente, a iluminação do interior do espaço merecia ter sido melhor pensada, uma vez que o reflexo que produz na superfície vidrada, onde está a informação, obriga a constantes reposicionamentos do leitor de forma a conseguir apreender o discurso expositivo. A acompanhar a exibição permanente, existe um outro conjunto de painéis com carácter itinerante. Nestes, o que salta imediatamente à vista é a quantidade excessiva de informação, que, como sabemos, tem tendência a “assustar” a esmagadora maioria dos visitantes, que apenas pretendem um conhecimento muito sumário do que estão a ver. Parece-me que aqueles que desejem saber mais, sobre as temáticas expostas, deveriam ter à disposição documentos complementares, preenchendo perfeitamente este requisito, por exemplo, os catálogos de exposição. Atentando mais um pouco nos referidos painéis há, do meu ponto de vista, ainda um outro reparo a fazer, trata-se da existência de uma série de imagens um pouco descontextualizadas (refiro-me a algumas fotografias de fragmentos de cerâmica), desinteressantes para quem não seja da área e que não acrescentam nada ao texto explicativo, demasiado historicista, acrescente-se.
Por último, resta referir que o Centro Interpretativo da Cueva de Maltravieso é parte integrante da Secção de Arqueologia do Museu de Cáceres e que para fazer a, sempre interessante, visita virtual basta seguir o endereço que se apresenta em baixo:
http://www.museosextremadura.com/maltravieso/index.htm
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