Saturday, June 9, 2007

Salvem o Porro, Porra! Parte II (infelizmente)


Manuel Calado, já há vários meses, tinha alertado para o facto de os novos avanços da pedreira do Monte das Flores (Évora) se dirigirem perigosamente na direcção do povoado Neolítico do Porro.

Desde essa altura, e apesar dos responsáveis pela pedreira terem sido avisados pelo I.P.A., os trabalhos voltaram a avançar, encontrando-se agora a nova frente de exploração a escassas dezenas de metros do conjunto de arte rupestre e do interior do povoado. Foram identificados materiais Neolíticos nas terras recentemente removidas, bem como estratigrafias arqueológicas em corte.

Esperemos que uma solução sensata seja encontrada quanto a esta situação, uma vez que falamos de um sítio arqueológico, de primeira água no concelho de Évora, cuja perda seria inestimável para o património concelhio. Que as entidades com responsabilidades nesta matéria não ajam com brandura, em relação a casos como este, e que se faça cumprir a lei.
Um programa de sondagens para breve é o mínimo que esperamos.

Continuaremos a dizer: "salvem o Porro, Porra!"
(pelo menos, enquanto ele existir...).



O afloramento do Porro.

Aspecto dos trabalhos em Janeiro de 2007

Área afectada, até ao momento.

As imagens ilustram a proximidade a que os trabalhos se encontram do grande afloramento granítico do Porro (já dentro do povoado): a nova frente de exploração da pedreira, à esquerda, e o rochedo do Porro, à direita..
As estratigrafias Neolíticas foram já cortadas, algures mais abaixo, depois da "montanha" de terra...

Habitante local, que por enquanto ainda se pode abrigar debaixo do rochedo do Porro.

Friday, June 8, 2007

Os pukaras - megalitismo andino

Pukara de Lasana

Pukara de Quitor

Oásis de São Pedro de Atacama

A poucos dias da minha partida para o Chile vem-me à memória a imagem dos pukaras que vi o ano passado no deserto de Atacama. O termo pukara significa forte o fortificação em quechua, e estão relacionados sobretudo[1] com povoados fortificados que surgem em finais do século XI da nossa era, fruto da desagregação do império Tiwanaku nos Andes e do consequente aparecimento de poderes locais independentes e que persistem com remodelações durante o império inca a partir do século XIII-XIV . Os pukaras incas entenderam-se desde o Ecuador ao Norte do Chile, ocupando excelentes locais, com boas defesas naturais e boa visibilidade do meio. No deserto do Chile os povoadores para além das anteriores preocupações defensivas viram-se obrigados a incluir outro factor – o do aceso e proximidade a cursos de água; raros neste deserto andino. Os pukaras do deserto estão espalhados desde Arica, na fronteira com o Peru, ao Sul de Antofagasta (III região), construídos para travar a expansão aymara. Estas fortificações apresentam uma arquitectura semelhante à dos nossos castros, com ruas estreitas, casas de planta rectangular e circular cobertas com barro ou colmo, defendidas por uma ou duas linhas de muralhas e com torres adossadas. As pedras não eram trabalhadas e encaixadas umas nas outras, tal como se conhece no estilo inca, mas sim colocadas e possivelmente argamassasadas rudimentarmente, ao estilo dos povoados fortificados calcolíticos, os murros apresentam ainda algumas saliências para seteiras, e a construção é organizada por plataformas em escada (tipo courelas). Não tinham uma dimensão considerável, alguns povoados ocupariam dois hectares outros podiam chegar a atingir quatro comportando um valor estimado de trezentos habitantes. Os pukaras mais conhecidos desta cultura atacamenha são: o de Quitor, no (São Pedro de Atacama); o de Lasana (Calama) e o de Turi (Calama).
Para mais informações ver Museu Precolombino de Santiago: http://www.precolombino.cl/


[1] Digo sobretudo, porque existe uma cultura com o mesmo nome na região Centro-Sul do Peru com o mesmo nome, cultura essa que data do século III a.C.