Thursday, April 19, 2007

"Em busca da muralha perdida"

Serve este post para dar notícia de um tema claramente paralelo à concepção e propósito inicial deste blog, mas cuja temática considera, obviamente, outras nuances arqueológicas descentradas da singular (e desconhecida) riqueza megalítica do território eborense.
A cidade de Évora é um ícone patrimonial no nosso país. Serve como cartão de visita, como símbolo de um período distante, mas cuja proximidade imagética se detém nas suas ruas, edifícios, igrejas, palácios, conventos e...muralhas!
Tendo sido protegida por duas cinturas de muralhas, a cidade, que para muitos, ainda se cinge somente à estrutura defensiva medieval, serve de palco a toda uma série de debates e problemáticas em torno da verdadeira dimensão e orientação deste segundo sistema militar.
Estando em curso um programa de recuperação do Jardim Público, foi elaborado um projecto de sondagens localizadas que visavam descobrir um pouco mais daquele sistema neste particular espaço.
Os resultados que têm vindo à luz, apesar de ainda serem preliminares, são já suficientes para que se encarem outras propostas para o desenho da denominada Cerca Nova, nos momentos anteriores à anexação seiscentista do sistema Vauban.
Com a abertura da sondagem 2, revelaram-se muros adossados ao pano da muralha que encontra a torre das Ruinas Fingidas, entrando em confronto com o desenho conhecido da muralha, onde o torreão central do Palácio de D. Manuel teria servido como torre da estrutura militar. A continuidade dos trabalhos, agora numa óptica de confirmação de um eventual "novo" alinhamento da muralha foram já iniciados, situação que se repete na sondagem 3.
Esta, efectuada no espaço da Mata, desvendou um pano de muralha cuja orientação não coincide com os desenhos conhecidos, e já levanta algumas questões relativas à possibilidade de uma estrutura em refrega e ângulos recortados, de forma a permitir a sua ligação com a desaparecida porta do Raimundo.
Atente-se que este projecto visa a eventual preservação das estruturas, encarando-se a hipótese de musealização e seu aproveitamento no futuro programa de recuperação do Jardim Público.
São novas, e pequenas parcelas de um património ainda mal conhecido, sendo talvez este o ponto em que nos enquadramos com o propósito deste blog: a assumpção da urgência na divulgação do nosso rico e frágil património.



Muralhas de Évora
Séc. XVII e XVIII
Fonte: LIMA, Miguel, Muralhas e Fortificações de Évora,
Lisboa, Argumentum, 2004.


Sondagem 1 ( Jardim Público) - Pormenor dos troços de muralha descobertos


Sondagem 2 (Mata) - pormenor do troço de muralha descoberto

(Fotografias de João Santos)


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