Sunday, May 27, 2007

Nova sepultura proto megalitica junto ao Moinho do Cavaterra (Valverde, Évora)

Uma breve visita, efectuada ao povoado de Neolítico Antigo\Médio do Moinho do Cavaterra 4 (Évora), permitiu a identificação de uma possível sepultura proto megalítica, já bastante destruída, situada escassas centenas de metros a Sudeste do povoado.

Foram observados três possíveis esteios, cravados num suave micro relevo, onde outros pequenos blocos, bastante "suspeitos", estão amontoados. Registou-se também a presença de uma mancha dispersa de pequenas pedras (quartzo, granito, gnaiss), que poderá corresponder a vestígios de uma eventual mamoa.

O monumento encontra um largo numero de semelhantes nesta zona do concelho de Évora, sendo conhecidas cerca de uma dezena de sepulturas proto megaliticas, só nos arredores de Valverde.

O passeio que se seguiu, nas margens da ribeira de Valverde, embora menos arqueológico, permitiu "aprisionar" em JPG alguns aspectos da actual paisagem natural, bem como casos flagrantes de desrespeito pela fauna e flora locais.

Importa denunciar a identificação de várias armadilhas, distribuídas ao longo das margens da ribeira, e que se destinam a capturar, ilegalmente, ouriços, raposas, furões ou "saca-rabos". Das dezenas que foram identificadas, nenhuma foi deixada aberta e com isco, tendo todas elas sido prontamente "desactivadas" e os seus incautos moradores postos de novo em liberdade.

Cartografia em 1:25.000 e em Ortofotomapa.

O povoado e a sepultura vistos de Sudeste.

A sepultura

O menir do Moinho do Cavaterra. Dista cerca de 1 km do povoado referido e foi erguido recentemente pelo proprietário do terreno (ver: Gema Blog: "New Menir Around Évora").

A ribeira de Valverde e paisagem envolvente.

Armadilhas destinadas a apanhar pequenos carnívoros. Podem ser encontradas, ao longo das margens da ribeira de Valverde, em quantidades alarmantes.

Um dos "moradores" incautos e a sua respectiva libertação.

Thursday, May 24, 2007

Novos núcleos de Arte Rupestre no cabeço de S.Gens (Serra d'Ossa)

Vista Oriental sobre o cabeço de S.Gens


Na sequência de recentes travessias na Serra d'Ossa, efectuadas nas zonas mais afectadas pelos incêndios do Verão de 2006, foram identificados novos núcleos de arte rupestre, que se vêem juntar aos recentemente descobertos ao longo da crista onde se implanta o povoado do Castelo Velho.

Tratam-se de conjuntos de covinhas, gravadas em destacados afloramentos de Xisto, e que se situam no cume do povoado pré e proto histórico de S.Gens (o ponto mais alto do conjunto de relevos da Serra d'Ossa).

Foram identificadas várias dezenas de covinhas (perto de meia centena), em três afloramentos distintos, todos eles em estreita relação visual com a crista do Castelo Velho e com os alguns dos núcleos de arte rupestre ai implantados.

Na encosta Nordeste foi também possível identificar abundantes vestígios da extensa ocupação de Bronze Final, que se implanta neste "miradouro" natural, com vista privilegiada sobre o Alentejo Central.

Publicações sobre S.Gens:

* Meio Mundo: O Inicio da Idade do Ferro no cume da Serra d'Ossa (Redondo, Alentejo Central) - Rui Mataloto, Arqueólogo da C.M.R.

*
Meio Mundo 2: A fortificação Calcolítica do Alto de S.Gens (Redondo\Estremoz, Alentejo Central) - Rui Mataloto, Arqueólogo da C.M.R.


Vestígios da fortificação Calcolítica, na zona intervencionada em 2003.

Destacados afloramentos de Xisto, nos quais foram identificadas cerca de meia centena de covinhas.

Arqueólogo do séc XIX, em pose clássica.

Envolvente paisagística dos novos conjuntos de covinhas. Vista privilegiada sobre o Castelo Velho e respectivos núcleos de Arte Rupestre na sua encosta Sudoeste.

O Bronze Final e a Serra d'Ossa. Conjunto de materiais identificados ao longo da encosta Nordeste.

Wednesday, May 16, 2007

Dois novos povoados proto históricos nos cabeços da Serra d'Ossa

As actuais condições de visibilidade na Serra d'Ossa, consequência dos incêndios no Verão passado, proporcionam uma rara oportunidade para lançar um novo olhar sobre algumas áreas, deste território, anteriormente improspectáveis.

O preocupante replantio de eucaliptos, e consequentes limpezas de encostas e surribas, que neste momento acontecem na Serra d'Ossa a grande velocidade, levaram a visitas pontuais a sítios arqueológicos chave e a novas batidas de campo.

Na sequência da ultima travessia, efectuada nas proximidades da portela do "meio-mundo", foram identificados dois novos povoados, aparentemente, proto históricos.

Cartografia 1:25.000 C.M.P., folha nº 440. Concelho de Redondo.

Fontainhas


Povoado das Fontainhas, visto de Noroeste. Aparentemente da Idade do Ferro, encontra-se implantado num relevo secundário mas dominante sobre os vales circundantes e a linha de água mais próxima.

Não foram identificados vestígios de fortificação e a escassez de material arqueológico não permitiu uma caracterização cronológica mais precisa.

Alguns dos materiais observados no povoado das Fontainhas: um fragmento de dormente, pertencente a uma "mó de sela"; um movente; um percutor; fragmentos de cerâmica, manual e de roda.

Espinhaço do Cão


Vista sobre o povoado de Espinhaço do Cão, a partir da sua encosta Sul, e Sudoeste.

Este povoado, aparentemente da Idade do Bronze, encontra-se bastante destruído devido ao plantio de eucalipto, tendo no entanto sido possível identificar vestígios de um possível sistema defensivo muralhado, que parece ligar vários afloramentos de xisto, bastante destacados e abundantes no topo desta crista.

Este relevo, pedregoso e escarpado, controla estrategicamente um dos acessos à portela do meio mundo, dominando visualmente toda a envolvente Sudoeste. A ribeira Sêca, que corre sob os seus pés, encontra a sua nascente nas proximidades, a escassas centenas de metros para Norte.

Até à década de 80 do século XX, as condutas de água que levavam o precioso liquido das nascentes da Serra d'Ossa até à vila de Redondo, passavam a meia encosta, nesta crista, aproveitando a sua localização estratégica sobre uma zona de transitabilidade natural.

Os materiais arqueológicos observados em Espinhaço do Cão, embora inconclusivos quanto à verdadeira natureza cronológica deste povoado, sugerem fortemente, através da leitura de presenças e ausências, uma ocupação situada algures durante a Idade do Bronze.

Foi possível identificar uma grande quantidade de cerâmica manual (bojo), e apenas um bordo simples; escassos percutores e material lítico e um movente de mó manual do tipo "sela". Foi também identificado um fragmento de cadinho, que indicia algum tipo de actividade metalúrgica, neste povoado.

Apenas as recentes condições de excepcional visibilidade no terreno permitiram a identificação dos vestígios referidos, em Espinhaço do Cão, sitio onde Manuel Calado, em 2001, havia já registado um percutor.

Envolvente paisagística de Espinhaço do Cão. Vista sobre a ribeira Sêca, e sobre um dos acessos à portela do meio mundo, a Sudoeste.

A vista para Nordeste, sobre o enorme povoado fortificado de Bronze Final do Castelo Velho, onde ainda são bem visíveis os maciços taludes de muralha.

Troços de talude e da respectiva estrutura pétrea, maciça, e com várias fileiras de lajes de xisto, em posição horizontal. Estes troços de uma estrutura, aparentemente defensiva, parecem aproveitar os penedos naturais de xisto, unindo-os ao longo de grande parte da encosta Sudoeste.

Na vertente Nordeste não foram identificados vestígios desta estrutura. É possível que as escarpas rochosas, ai presentes, tivessem dispensado a edificação de sistemas defensivos. Esta encosta encontra-se virada para o interior da Serra, e o acesso a Espinhaço do Cão, por Nordeste, embora não seja impossível, é perigoso e extremamente difícil.

Vertente Nordeste. Uma escarpa rochosa, com vista privilegiada e acessos sinuosos para a serpenteante ribeira Sêca.

A meia encosta ainda se podem encontrar estruturas de transporte de água que abasteceram a vila de Redondo com água das nascentes da Serra d'Ossa, até aos anos 80 do séc. XX

Megalitismo Alentejano Contemporâneo.
Abrigo construído numa das escarpas rochosas que se elevam acima da ribeira Sêca, na encosta de Espinhaço do Cão

Chegada à base da escarpa Nordeste de Espinhaço do Cão, e merecido repouso, nas águas limpas e refrescantes da ribeira Sêca.