Thursday, April 23, 2009

Lavrando a terra com pedras...


Instrumentos agrícolas do séc XVIII e XIX armados com centenas de pequenas lascas de quartzo, silex e rochas siliciosas. Estes "trilhos" alentejanos serviam, até à bem pouco tempo atrás, para separar o trigo da palha, algures nos terrenos da Mitra (Évora). Podem ser encontrados hoje em dia no pólo universitário da Mitra e para quem esteja de passagem valem a pena a visita, apesar de velhas e em desuso ainda tem histórias para contar sobre o vasto passado agricola alentejano.

Wednesday, February 4, 2009

Nova Revista de História Património e Arqueologia www.revistasapiens.org

http://www.revistasapiens.org/

Editorial:
O projecto que agora encetamos, e que tem o seu arranque com este número zero, tem como objectivo fundamental responder à dificuldade que muitos dos investigadores no domínio da historiografia têm vindo a sentir quanto à divulgação do seu trabalho. Um trabalho que, apesar de meritório, por diversas razões queda por conhecer e vai ganhando teias, hoje já tecidas com os fios da electrónica... Quando não cede ao esquecimento, por iniciativa de alguns autores mais audaciosos e inconformados, vai ganhando vida em alguns blogs. Mas se ganha vida e forma nestes espaços muito especializados, digamos que se perde uma certa visão de conjunto, o conhecimento histórico surge fragmentado, (des)arrumado em prateleiras soltas, desagregadas, esparsas. Semestralmente, a estrutura editorial que pretendemos implementar contemplará uma série de artigos, dedicados, quando possível, a um determinado tema central. Este núcleo central será complementado com recensões críticas, comentários e notícias diversas. [...]
Ficha Técnica:
Título
Sapiens. História, Património e Arqueologia
ISSN
1647-1660
Director
Filipe Caldeira
Subdirector
Nelson Moreira Antão
Conselho Editorial
André Leitão, Alexandra Campos, Cátia Marques, Daniel Nunes, Filipe Caldeira,
Gonçalo Amaro, Nelson Antão, Sílvia Correia
Conselho Científico
Prof. Doutor António Camões Gouveia - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa Prof. Doutor Fernando Martins - Universidade de Évora
Prof. Doutor Francisco Caramelo - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa Prof.ª Doutora Isabel Cristina dos Guimarães Sá - Universidade do Minho
Prof. Doutor Luís Filipe Thomaz - Universidade Católica
Prof.ª Doutora Maria de Lurdes Rosa - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa Prof. Doutor Michael Kunst - Instituto Arqueológico Alemão
Prof. Doutor Moisés Silva Fernandes - Instituto de Ciências Sociais; Director do Instituto Confúcio Prof. Doutor Pedro Aires de Oliveira - Faculdade de Ciências Sociais - Universidade Nova de Lisboa Prof.ª Doutora Raquel Henriques da Silva - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Prof.ª Doutora Rosa Varela Gomes - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Gestor Web
Luís Lima
Índice do n.º 0:
Editorial (p. 4) [PDF]
Los "copos canelados" como marcadores territoriales - una propuesta de interpretación de la decoración (pp. 5-23) [PDF] Gonçalo Amaro
Breves reflexões sobre os tratados neo-assírios (ade) e a sua dimensão jurídica, política e ideológica (pp. 24-42) [PDF] Marcel Paiva Monte
As Deportações em Mari (pp. 43-50) [PDF]
Filipe Caldeira
Os Lemes - um percurso familiar de Bruges a Malaca (pp. 51-83) [PDF]
Margarida Ortigão Ramos Paes Leme
Henrique Galvão e o assalto ao Santa Maria. Percurso de uma dissidência do Estado Novo e suas repercussões internacionais (pp. 84-110) [PDF]
Nelson Moreira AntãoCélia Gonçalves Tavares
Recensões (pp. 111-115) [PDF]

Monday, February 2, 2009

Serpentiforme Eborense


Évora, Centro Histórico. Eles andam ai...
(Fotografia de Patricia Bruno)

Tuesday, October 14, 2008

Megalitismo Alentejano Contemporâneo em S. Vicente do Pigeiro (Évora)


Mais um exemplo de "Megalitismo Alentejano Contemporâneo", desta vez na Igreja Paroquial de S. Vicente do Pigeiro, onde as recentes obras de recuperação do edificio e valorização do espaço envolvente acabaram por incluir réplicas de dois elementos de referência das paisagens culturais Alentejanas: um pequeno Dolmen e um Menir.

Monday, July 28, 2008

Noticias de Évoramonte

O Diário do Sul e a agência Lusa publicaram, recentemente, novidades acerca da escavação arqueológica actualmente em curso no Castelo de Évoramonte, sob a direcção de Rui Mataloto.

Link's:

1 - "Em Busca da Cidade Pré Romana de Dipo" in Diário do Sul, Sexta-feira dia 25 de Julho de 2008.
2 - "Arqueólogos procuram cidade Pré Romana em Portugal" in Agência Lusa, Domingo dia 27 de Julho de 2008.

Friday, July 18, 2008

Paisagens Antigas, Blog Novo: Carta Arqueológica do concelho de Évora

Espaço criado pela equipa de Património e Arqueologia da C.M.E., responsável pelo desenvolvimento do projecto C.A.E., e que pretende, com a regularidade possivel, disponibilizar informação acerca do desenvolvimento dos trabalhos de campo e de gabinete.
Link: C.A.E.

Monday, July 14, 2008

C.A.E. – Carta Arqueológica do Concelho de Évora: O inicio de um novo ciclo de Prospecções no território Eborense.

A base de dados relativa ao Património Arqueológico do Concelho de Évora, actualmente disponível na C.M.E. (Calado, 2003), dispõe de cerca de dois milhares de sítios arqueológicos dos mais diversos tipos, cronologias e implantações, tratando-se, por si só, da mais extensa e completa listagem de sítios arqueológicos no contexto nacional. Contudo, como todos sabemos, a extensa riqueza do Património Arqueológico do Concelho de Évora não se resume somente a estes números, havendo ainda zonas do território que, apesar de potencialmente promissoras, permanecem uma verdadeira incógnita.
A crescente necessidade de uma ferramenta sólida, quer para a salvaguarda e gestão do património arqueológico, como para o seu conhecimento e divulgação, levou a Câmara Municipal de Évora a formar uma equipa especificamente direccionada para este efeito, que deu inicio, no dia 1 do presente mês, a um novo ciclo de trabalhos de prospecção; estes trabalhos visam anteceder a publicação da Carta Arqueológica do Concelho. Este projecto Municipal, com a duração prevista de 12 meses, irá desenvolver trabalhos de prospecção selectiva, dirigida a áreas menos conhecidas do concelho, nomeadamente a Sul e a Este da cidade, com o objectivo de reduzir/eliminar evidentes lacunas no conhecimento do património arqueológico do território eborense.
Sitios Arqueológicos do Concelho de Évora e principais áreas de trabalho previstas para o projecto da C.A.E.

Friday, June 6, 2008

Citânia de Briteiros


Via no interior do povoado.


Aspecto de uma das zonas habitacionais.


Pormenor de uma cabana reconstruída.


Domínio visual sobre a paisagem.


Pedra Formosa.

Recentemente, realizei uma visita a alguns elementos patrimoniais do Distrito de Braga, entre eles estava a Citânia de Briteiros cuja grandiosidade a torna merecedora deste post.
Conhecida desde o séc. XVI, sendo citada em textos de antiquários da época, a Citânia de Briteiros é um conjunto impressionante. Implanta-se num maciço montanhoso (rondando os 300 metros), no qual se destaca o Monte de São Romão, na margem direita do Rio Ave, para o qual, de resto, tem um largo domínio visual.
Localizado no Concelho de Guimarães, o relevo estende-se entre as freguesias de São Salvador de Briteiros e de Donim.
Os vestígios arqueológicos mais evidentes, e que se revestem de maior monumentalidade, correspondem à ocupação proto-histórica do monte, durante a II Idade do Ferro, em particular nos dois últimos séculos antes de Cristo. Desta circunstância decorre a designação do sítio como “Citânia” palavra aplicada aos grandes castros do período pré-romano.
Um aspecto importante do relevo em que se ergue o povoado é a abundância de granitos que facultaram a matéria-prima com que foram construídas as muralhas e as habitações do castro, ou os elementos de uso comum como mós e pias.
Como forma de subsistência, os habitantes cultivavam cereais, como o milho e o trigo, leguminosas, como a fava e a ervilha, e pastoreavam gado ovino, caprino e bovino. A caça e a pesca desempenhavam também um papel importante no modo de sustento destas gentes. A economia do povoado passaria igualmente pela produção artesanal, constituindo a olaria, a metalurgia e a ourivesaria alguns vectores importantes.
Como apontam os arqueólogos, a Citânia estava situada num ponto estratégico, onde a navegação do Ave, para mercadorias, terminava, e terá sido um mercado obrigatório de troca de bens. Aliás, observando um mapa do Entre Douro e Minho, é interessante constatar que Briteiros fica num ponto central, entre os dois rios (Douro e Minho) e entre o litoral e as montanhas interiores.
Pouco se sabe sobre as fases iniciais do povoado, embora tenham sido encontrados materiais cerâmicos da I Idade do Ferro, momento em que o povoado já seria defendido por uma muralha.
Alcançando 24 hectares de extensão máxima intra-muros, Briteiros conserva um sistema defensivo de três ordens de muralha, complementado com uma quarta linha a Nordeste e dois fossos escavados na rocha, no istmo de acesso ao esporão, o ponto mais vulnerável. A área urbana da Citânia, já conhecida, corresponde à acrópole, delimitada pela primeira muralha que circunda a plataforma cimeira da elevação, e à encosta nascente, na qual as estruturas se prolongam para além da Estrada Nacional 309, construída nos anos 30 do séc. XX e que penetrou no interior do povoado. Ocupa uma área aproximada de 7 hectares, equivalendo à zona escavada por Francisco Martins Sarmento e por Mário Cardozo. Dentro desta área foram identificadas 104 unidades domésticas.
Uma das particularidades da Citânia de Briteiros reside numa estrutura, habitualmente designada como “Casa do Conselho”. Neste edifício circular, com cerca de 11 metros de diâmetro e um banco corrido ao longo da parede interior, teria funcionado um órgão colegial de decisão onde se resolveriam os assuntos mais prementes do povoado.
Outra das edificações, considerada como de carácter público, é os edifícios de banhos. Em Briteiros existiram pelo menos dois: o que se conserva no sopé da encosta, a Sudoeste, e outro, mais arruinado, situado a Nordeste. Obedecendo a uma morfologia tripartida, a estrutura do balneário que se observa a Sudoeste, e que, segundo os estudiosos, corresponde a um padrão generalizado nestes edifícios, é constituída por uma fornalha, onde se aqueciam blocos de quartzito e granito, uma câmara de sauna, onde se acumulava o vapor espalhando água sobre as pedras incandescentes, e um compartimento de entrada, eventualmente com funções de vestiário. Este compartimento e a câmara de sauna eram separados pela “Pedra Formosa”. Único acesso entre os dois espaços, o orifício inferior da estela, embora permitindo a passagem de uma pessoa, era tão pequeno quanto possível, para evitar a fuga de calor. Além disto, o balneário apresenta também um pátio exterior lajeado, onde se dispunha um tanque de água fria, para o qual descarregava uma canalização.
Com a romanização do território, a Citânia vai perdendo influência e a sua implantação, com fortes características defensivas, deixa de ter razão de ser. As evidências arqueológicas sugerem que a partir da segunda metade do século I d. C. a ocupação da Citânia de Briteiros poderá ter sido residual. Ao longo do séc. I d. C. a população foi atraída para os novos aglomerados em plena expansão, novas civitates, como Bracara Augusta, ou vici, como Caldas de Vizela, ganham relevo em detrimento dos assentamentos de altitude.
Não poderia concluir este texto sem deixar expressa a justa homenagem a Francisco Martins Sarmento pelo importante papel que desempenhou na investigação arqueológica nacional. Nascido em Guimarães em Março de 1833, foi também nesta cidade que exalou o último suspiro em Agosto de 1899. Foi um admirável arqueólogo e escritor. A ele se deve a notoriedade que a Citânia de Briteiros adquiriu na Arqueologia. O projecto que idealizou, de investigação e conservação, e passou à prática a partir de 1874, que compreendeu campanhas anuais de escavação, é notável. A vontade de preservar conduziu à aquisição de grande parte da área onde se insere o povoado, executada a título pessoal. Este elemento demonstra que estamos perante um homem de verdadeira paixão. Mas Francisco Martins Sarmento era muito mais do que um homem apaixonado, era também um investigador extremamente dedicado e conceituado, colaborante em revistas e jornais científicos, com múltiplos contactos internacionais e permanentemente a par do que de mais avançado se fazia na Europa. A biblioteca que nos legou é indicadora disso mesmo pela quantidade e qualidade dos livros de que é composta.
Acrescentamos ainda que o sítio foi classificado como Monumento Nacional em 1910, ano em que foram muitos os elementos patrimoniais de âmbito arqueológico a receber a distinção.
Muito estará ainda por dizer, mas temos como satisfeito o nosso objectivo de divulgar e informar o caro leitor. A partir deste momento a pena muda de mãos…
Para os que se interessem pela cultura castreja, e especificamente pela Citânia de Briteiros, deixo o endereço virtual:
http://citania.csarmento.uminho.pt

Tuesday, May 27, 2008

Viveremos naquilo que fomos!

O nosso corpo desaparecerá e aquilo que nos mantém inteiros o que somos por dentro viverá nas palavras que deixámos, na arte que criámos, nas amizades que fizemos e com eles a nossa memória crescerá e em tempos distantes em outros avivará. Aquilo que fomos outrora, esta presente nos materiais que deixamos e quando a nossa voz se calar, quando as nossas mãos desaparecerem é o nosso passado que falara...

Monday, May 26, 2008

Graffiti e Arqueologia


Arte ou a arte criminalista de uma juventude que tem o intuito de se manifestar?

Terá sido também este o pensamento do Homem pré-histórico quando reparou, que alguém tinha "rabiscado" numa pedra uns símbolos estranhos, e que por alguma razão eles ganharam significado dentro da sociedade? os Romanos aproveitaram as paredes para manifestar as suas preferências políticas, publicitar certas "actividades lúdicas" e apreço pessoais. Foi assim a partir dum conjunto de heranças e ideais, que o actual graffiti se terá desenvolvido (mesmo que este não tenha plena consciência do seu passado histórico).

A fusão do graffiti e a arqueologia origina um conceito que decompõe uma parede ou outro suporte nas suas diferentes UE´s de tinta. Basicamente encontramos o conceito de estratigrafia aplicado ao graffiti: a sequência das camadas de tinta ocorre na ordem inversa à sua aplicação. Tal como numa escavação este processo implica o seu registo, neste caso encontramos na fotografia o elemento principal que desmancha a tinta mais recente, tendo estas sido feitas ao longo dos anos e em diversas alturas, o que permitem um registo mais completo.

O Graffiti passou duma marca territorial, afirmação política, mancha na paisagem urbana/rural e arte para novos conceitos que evidenciam a necessidade de procurar "o original graffiti daquela parede", ou seja GraffitiArchaeology.